REAL COMPANHIA

Herdeiros de um grande legado nos descobrimentos e na inovação e recriação da tradição musical, ajudando a criar o que hoje é o folk português e a sua inclusão na World Music, foi com os Romanças nascidos dos anos 80 que a Real Companhia nasceu. Tocando por muitos países do Mundo, deparámo-nos e aprendemos a particularidade da riqueza da nossa música, língua e cultura. Esta responsabilidade, encanto e entusiasmo que ao longo dos anos sempre nos embalaram as rimas e o ritmo, levam-nos a querer fazer sempre mais e melhor, inovar e manter viva, preservando a nossa música popular.

Inicialmente, a formação da Real Companhia, além do Fernando Pereira, João Ramos, José Salgueiro e Eduardo Miranda, integrou também Loni Seiva que mais tarde regressou ao Brasil.

Em 1998 foi editado o primeiro disco deste projeto: “Real Companhia”, com uma forte união na expressão popular da música portuguesa e brasileira, descobrindo as semelhanças e as mesmas tradições e sangue que corre nos dois povos. Destaca-se o texto que descrevia a Ideia dominante: Entre o Minho e a Amazónia estabelece-se a ligação.

Através da Lusofonia e da Música Popular, dos grandes poetas da Língua Portuguesa, das ideias que se conjugam, capazes de percorrer socalcos de vinha, florestas tropicais, planícies alentejanas e pampas verdejantes e através dessa viagem, a partilhar mútuos prazeres e ideias, chegámos onde foi possível realizar este trabalho. Na partilha da tradição conjunta, uniram-se os sonhos de tempos idos e de projetos futuros.

Em São Tomé no ano de 1999 aprendemos que a língua de Camões é falada, ouvida, cantada e querida mesmo muito longe, por gente extraordinária e de uma riqueza de sabedoria e bondade ilimitada. Em 2000, o disco “Orgulhosamente Nós” ironiza a frase original do autor bem conhecido, contrariando-a, realçando e reconhecendo a alma e a vivacidade da nossa música e o que nós somos, da portugalidade e de nos sentirmos orgulhosamente nós junto de todos. “Pé ante pé” em 2003, é um tributo às crianças, que todos fomos e somos, ao espírito da infância. Porque o património da música infantil é importante e sempre esteve presente no projeto, tanto como está em nós. Integram este disco para além das crianças, para além do Fernando Pereira, João Ramos e Eduardo Miranda, o Tuniko Goulart, Filomena Pereira e o Carlos Lopes. Em 2005, “em tons de pastel” e “de volta á tradição” renova-se esta, e a viagem pelas planícies alentejanas, pelos socalcos minhotos e pelo nordeste brasileiro. “Em forma de abraço”, editado em 2007, a Real Companhia assume a importância dos temas originais, que já no disco anterior “em tons de pastel” tinha iniciado. A composição passou a ser um aspeto importante na criação e recriação musicais. Neste disco também introduz um elemento que passa a integrar: a poesia dita e declamada, com a participação do ator Joaquim de Almeida que até hoje continua a colaborar com a banda, tanto em discos como muitas vezes em concertos. Os nossos convidados, são amigos que connosco partilham estes trajetos e projetos, companheiros do serão, amigos do coração, enriquecem com a sua presença e o seu talento o tributo que pretendemos permanentemente fazer á nossa música e cultura. A celebração da amizade e da partilha na festa da nossa música.

Esta celebração integra sempre um dos maiores vultos da música popular, representando também a nossa maior inspiração e exemplo como Homem Português – José Afonso. Foi e sempre será uma referência na sociedade portuguesa, pela sua postura de cidadão como lutador pela liberdade, de académico e de músico. O CD Serranias em 2014 apoia a Real Companhia num patamar em que os temas originais assumem uma grande importância, revelando as capacidades de uma maturidade criadora e interpretativa das realidades interiores e exteriores. São as vivências e a observação do mundo que compõem a nossa música. Assumindo aqui e agora uma verdadeira comunhão com os amigos sempre presentes, participam neste disco, Rui Mendes, Joaquim de Almeida e José Fanha com as suas palavras e poesia, Rui Veloso e Ana Lains com as suas vozes e jeito especial de cantar e Rogério Oliveira e Sebastião Antunes com palavras nas músicas. O Paulo Loureiro, no piano, baixo e clarinete, passa a integrar a banda, assim como pontualmente o Guilherme Salgueiro na percussão. Tantas são as serras, os lugares os amigos que connosco partilham os encantos e os recantos dos caminhos e carreiros das nossas Serranias e nos acompanham onde a fazemos ecoar. Durante todos estes quase 20 anos, desenvolvemos, crescemos e aprendemos a fazer o que iniciámos naqueles dias e com os mesmos objetivos: preservar, divulgar e recriar a música portuguesa e a riqueza da nossa cultura, dia a dia

E com o cair da tarde, preparamo-nos para receber a Lua e os amigos e com todos: percorremos as Serras que os tempos pisam e em que a poesia ecoa embalada pela música dos faunos que somos nós, que a tradição aconchega num abraço de conforto e calor do fogo da lareira onde as brasas dançam em bailados de sombras vivas nas casas de xisto dos seus socalcos.

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Fotografias Maiis Capela